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A herança da gestão Bacellar: o Coritiba no vermelho
Com o atual presidente, receitas cresceram 23,7% e dívida a curto prazo foi controlada. Mas situação ainda é preocupante
Por Bem Paraná | Postado em: 06/12/2017 - 08:07

O gol marcado por Túlio de Melo no último minuto da partida disputada no domingo (3), na Arena Condá, selou o desfecho trágico não só de um ano repleto de agonia ao torcedor coxa-branca, mas também de uma gestão que, mesmo tendo sido eleita no final de 2014 com o apoio de 62% dos sócios votantes, nunca conseguiu entregar ao torcedor o que do clube se esperava dentro de campo.

Fora dos gramados, porém, a situação que o presidente Rogério Portugal Bacellar deixa para seu sucessor, cujo nome será conhecido no próximo sábado, é “menos pior” (na ausência de um termo mais adequado) do que aquela com que se deparou ao tomar posse, no dia 18 de dezembro de 2014.

Numa primeira análise, a afirmação acima pode soar estranha. Afinal, os balanços de 2015 e 2016 do Coritiba (o de 2017 só será divulgado no próximo ano) apontam um déficit de R$ 27,5 milhões nos dois exercícios, com o patrimônio líquido do clube (a diferença entre o valor dos ativos e dos passivos) saltando de um negativo de R$ 16,6 milhões ao final da gestão de Vilson Ribeiro de Andrade para R$ 44 milhões negativos.

Entretanto, o endividamentto de curto prazo do clube foi reduzindo, passando de R$ 104 milhões em 2014 para R$ 42 milhões no balanço mais recente, enquanto o endividamento total foi reduzido de R$ 217 milhões para R$ 199 milhões.

Um dos principais fatores envolvidos neste "respiro" que o clube conseguiu em suas finanças é relacionado a dívida fiscal, estimada em R$ 98 milhões. Com o Profut, programa de renegociação de dívidas com o governo por até 20 anos, o clube conseguiu estender o prazo de pagamento em condições favoráveis, sendo obrigado a repassar mensalmente R$ 400 mil ao programa.

As dívidas bancárias também foram reduzidas, passando de R$ 43 milhões ao final de 2014 para R$ 13,6 milhões ao final do ano passado. O grande problema é ainda a dívida trabalhista, referentes a salários atrasados, em R$ 50 milhões, valor que ao menos se manteve estável ao longo da gestão Bacellar.

Embora tenha de se destacar o contigenciamento de gastos promovido pelo clube, ainda preoccupa o fato de que tal saneamento no clube só foi possível, em grande medida, pela entrada de receitas extraordinárias, oriundas principalmente dos direitos de transmissão. No ano passado, por exemplo, foi celebrado um novo acordo de televisão com o Esporte Interativo e válido para TV fechada de 2019 a 2024. Com o acordo, o clube recebeu R$ 38 milhões em luvas. Além disso, a receita com TV aberta e o pay-per-view teve um aumento de quase R$ 20 milhões.

Não à toa o clube encerrou 2016 com o maior faturamento de sua história, tendo um incremento de 23,7% em sua receita operacional líquida, cujo valor passou de R$ 82 milhões para R$ 102 milhões. Um bom resultado, mas longe de ser extraordinário quando comparado com o incremento que as contas dos 23 clubes de maiores receitas tiveram no mesmo ano: alta de 29%, com o valor total chegando a R$ 4,5 bilhões.

2018
Rebaixamento pode “sangrar” as finanças do clube
Se em termos financeiros o Coritiba apresentou bons resultados nos últimos anos, por outro lado o rebaixamento do clube à Série B ameaça fazer tudo ir por água abaixo. É que o descenso deve reduzir fortemente as receitas de patrocínio, premiações em competições, sócios e bilheterias.

Desde 2014, por exemplo, o clube tem sofrido uma sangria com relação aos seus associados, fruto dos fracos resultados do time dentro de campo. A receita oriunda do sócio-torcedor, que chegou a ser de quase R$ 22 milhões em 2015, já havia caído para R$ 18 milhões em 2016, uma redução de 20,9%.

Já as receitas oriundas dos direitos de transmissão, principal fonte de recursos do clube, não deverão ser impactadas inicialmente, já que no primeiro ano de Segundona a cota de televisionamento permanece inalterada, em R$ 35 milhões. O problema, porém, é que o único contrato a partir de 2019 é com o Esporte Interativo, e o clube só terá direito a receber a cota se estiver na primeira divisão do campeonato nacional.

O que dizem os candidatos

“Para falar da parte financeira, o Renato Follador Junior vai trabalhar conosco como assessor, 24 horas por dia. Ele já trabalha na reestruturação financeira do Coritiba e me disse: 'não se preocupe com o problema da dívida do Coritiba. Estará equacionada em 20 anos'. O furo hoje é no futebol. São 71 atletas, temos de trabalhar isso, reduzir o elenco e fazer um investimento maciço na base, trazendo um treinador que saiba trabalhar com jovens”
João Carlos Vialle, candidato pela chapa Sangue Verde

“Estabelecemos um perfil de profissionais que queremos no clube. Um dos integrantes do nosso G5 será o economista Glenn Stenger, especialista em finanças, que trabalhará de forma mais efetiva nessa grande dívida que temos e no planejamento a longo prazo. Mas essas dívidas não podem ser justificativa para não termos um futebol competitivo, até porque o futebol é nosso produto principal”
Pedro Guilherme de Castro, candidato pela chapa Novo Coritiba

“O Coritiba, de 2011 para cá, tem um prejuízo acumulado de R$ 97 milhões, que é basicamente orçamento descumprido. Hoje o clube tem três dívidas importantes: a tributária, que está parcelada para pagamento em 20 anos, a dívida do Protork, também de longo prazo, e o passivo cível e trabalhista, que são o grande desafio. Por isso, um dos pilares da nossa chapa é o cumprimento do orçamento, para que o clube tenha equilíbrio financeiro, até porque isso afeta o dia a dia do futebol”
Samir Namur, candidato pela chapa Coritiba do Futuro

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