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Contador da família Richa é suspeito de tentar atrapalhar investigações
Por Bem Paraná | Postado em: 16/09/2018 - 20:08

O contador Dirceu Pupo Ferreira, homem de confiança dos negócios imobiliários da família de Beto Richa, é suspeito de tentar atrapalhar as investigações de corrupção, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro que levaram o ex-governador e candidato ao Senado pelo PSDB à prisão na úlitma semana, junto com familiares e aliados. Todos foram soltos entre sexta-feira (14) e sábado (15), por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O procurador Leonir Batisti, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), afirmou no sábado (15) que uma possível testemunha, um corretor de imóveis, foi procurado por integrantes do grupo de Richa, cientes de que uma investigação estaria ocorrendo, para que ele não contasse a verdade sobre um pagamento de R$ 1,4 milhão em dinheiro envolvendo salas de um edifício comercial em Curitiba.

"Em relação à decisão do ministro (Gilmar Mendes), nós entendemos que ela não faz justiça aos fatos porque o ministro está distante. E especialmente em relação ao fato objetivo de que o grupo das pessoas investigadas já procurara neste ano, em agosto, pessoas que poderiam ser testemunhas para que essas pessoas omitissem a verdade ou mentissem aos investigadores para evitar, então, a responsabilização ou a apuração nesse caso específico, especialmente consistente, no pagamento de dinheiro vivo de um milhão e e quatrocentos mil reais na permuta de um apartamento do conjunto de salas Neo Business em Curitiba", afirma o procurador em vídeo divulgado pela assessoria do MP-PR. 

Imagens do sistema de segurança do prédio de número 417, na Rua Carlos de Carvalho, em Curitiba, registram encontro de Ferreira - identificado como um "faz tudo" do ex-governador que representa formalmente a família nos negócios - com o corretor de imóveis Augusto Albertini, no último dia 8 de agosto.

No pedido de prisão (veja a íntegra), o Ministério Público relata o depoimento do delator Tony Garcia, amigo de infância de Richa e pivô da operação. "Corretor Algusto Albertini lhe contou que há cerca de dez dias Dirceu Pupo o procurou, demonstrando preocupação em relação a investigações que estariam em curso contra a família Richa; que, segundo o corretor de imóveis, Dirceu o procurou para combinar uma versão da compra desses conjuntos localizados no Centro Cívico, caso alguém o procurasse para prestar depoimento a esse respeito; que Augusto Albertini disse que Dirceu Pupo o orientou sobre o que deveria falar; que não tinha entendido como ameaça, mas como “faça assim e pronto”, que o deixou preocupado; que segundo Augusto, não teria constado na escritura pública de compra e venda dessas salas o pagamento da “volta” em dinheiro, como se tivesse sido uma permutasimples pelo imóvel de Balneário Camboriú; que o pagamento em dinheiro teria sido feito para outra pessoa “por fora”; que esse encontro entre Augusto Albertini e Dirceu Pupo foi na imobiliária do Augusto que fica no mesmo prédio onde fica o escritório do colaborador", diz a ação. 

As suspeitas são de que Ferreira procurou Albertini para tentar combinar com ele o depoimento que ele deveria prestar às autoridades, caso fosse procurado, sobre a compra de salas comerciais no Edifício Neo Business, na região do Centro Cívico, pela família Richa. O negócio teria envolvido a permuta de um imóvel que a família tinha em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e uma complementação em dinheiro em espécie de R$ 1,7 milhão, sem declaração. Segundo investigadores, a transação pode ocultar dinheiro de propina recebido de desvios em contratos do governo do Estado, em especial na área de rodovias.

Atrapalhar a investigação

A decisão que deteminou a sotura de Richa e seu grupo foi baseada em petição da defesa dentro de ação anterior, relatada por Gilmar Mendes, que proíbe a condução coercitiva para interrogatório. Para o procurador Leonir Batisiti, os advogados escolheram essa ação para que o pedido caísse nas mãos de Gilmar Mendes, que á havia citado Richa em entrevista quando se manifestou contra a prisão de candidatos no peíodo eleitoral. Richa é candidato ao Senado pelo PSDB. 

Batisti, que afirma que a prisão ocorreu neste período por tramitação normal do processo, afirmou que o Gaeco estuda alternativas para entrar com recurso contra a medida do ministro do STF que soltou o grupo. Um dos argumentos pode ser de que integrantes tentaram atrapalhar as investigações. Beto e Fernanda Richa prestaram depoimento na sexta-feira. Ele ficou em silência e ela falou por uma hora. Fernanda disse que o contador Dirceu Pupo Ferreira era o responsável pelas empresas que movimentaram recursos sob suspeita. 

Ao justificar a necessidade de prisão dos investigados, o Gaeco registra: "ora, se solto e sem o conhecimento da investigação o representado (Ferreira) já está atuando para dissimular as provas, imagine caso sejam decretadas medidas restritivas contra o grupo criminoso". Para os promotores, "não é preciso esforço para perceber que a atuação criminosa". 

Gilmar Mendes - que criticou a operação que levou o político para a cadeia - concedeu a liberdade a Richa menos de uma hora depois de a 13.ª Vara Criminal de Curitiba transformar a prisão temporária que havia sido decretada contra o governador em preventiva - que determinaria que ele ficaria preso durante o processo. Richa foi solto no início da madrugada de sábado.

O ex-governador é investigado pelo Gaeco, na Operação Radio Patrulha, que investiga fraude em concorrência para obras em estradas rurais, entre 2012 e 2015, e pela força-tarefa da Operação Lava Jato (que reúne a Procuradoria da República, a Polícia Federal e a Receita), na Operação Piloto, que investiga favorecimento da Odebrecht, entre outros crimes, na obra da PR-323, região noroeste do Paraná.

As duas operações, deflagradas simultaneamente na terça-feira (11) tratam de suposta corrupção envolvendo empreiteiras e negócios de estradas do Estado.

"Essa sistemática de aquisição de imóveis de valores distintos através de simples permuta, omitindo dos registros formais os pagamentos realizados em dinheiro, em quantias consideráveis, não parece ter sido isolada por parte da família Richa", registra o pedido de prisão do ex-governador feito pelo Gaeco.

A defesa de Richa foi procurada, mas não respondeu aos pedidos da reportagem. 

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