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DEBORAH SECCO CONTA O QUE MAIS GOSTA NA VIDA:
"COMER, DORMIR, FAZER AMOR E CUIDAR DA MINHA FILHA"
Por Revista Quem | Postado em: 13/07/2018 - 15:35

Domingo, meio-dia. Deborah Secco chega do parquinho com Maria Flor, de 2 anos e 7 meses – que está encantadora fantasiada de Elsa, do filme Frozen – e dá de cara com a reportagem de QUEM na sala de sua cobertura na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. "Cheguei atrasada? Estava lá embaixo brincando com as crianças. Convidei todas para um lanchinho aqui em casa mais tarde", conta a atriz, pedindo para a filha cantar Let It Go, música-tema da animação da Disney, e imitar a rainha de Arendelle. "Tempestade vem! O frio não vai mesmo me incomodar!", canta a menininha, cheia de desenvoltura, deixando a mãe e o pai, o ator baiano Hugo Moura, com os olhos brilhando de orgulho.

À vontade, Deborah conversa com o maquiador e amigo, Lucas Vieira, e conta que está apaixonada por sua nova terapeuta. "Ela é maravilhosa! Indico para todo mundo. Se quiser depois te passo o contato", diz ela, que, para otimizar o tempo antes do ensaio de fotos, pede para ser entrevistada enquanto é maquiada. "Faz um ano que encontrei essa terapeuta que mudou a minha vida. Antes dela, tinha feito terapia durante 14 anos com a mesma pessoa. Mas ela faleceu e fiquei órfã. Para mim é muito importante. Todo mundo devia fazer", argumenta.

 

Enquanto é entrevistada e maquiada, Deborah pede para servirem seu almoço. "Estou com fome!", diz ela, que, sem perceber, incorporou o sotaque da baiana Karola, vilã que interpreta em Segundo Sol. "Faço o sotaque da minha sogra (Márcia Moura Sant’anna), exatamente igual, sem tirar nem pôr. Me inspirei totalmente nela! O ‘ruruzinho’, como a Karola chama o Valentim (Danilo Mesquita), é a forma que ela chama Hugo", afirma, enquanto devora um pratão de estrogonofe, arroz branco e batata palha. Na mesma mesa, Hugo senta com um prato mais light, com salada e grelhado. "O Hugo come tudo. Aliás, ele não come nada (risos). Só come essas coisas saudáveis. Ele perdeu oito quilos desde o primeiro capítulo da novela", entrega a atriz, visivelmente feliz por trabalhar pela primeira vez com o marido, que interpreta o garoto de programa Robinho na novela das 9.

Com a segurança de quem começou a atuar aos 8 anos, Deborah – hoje com 38 –, não tem medo de falar demais. Pelo contrário. Sem cerimônias, ela fala de tudo: casamento, sexo, maternidade, depressão, feminismo, carreira, futuro. Mas fica evidente que os temas que mais a comovem são: Maria Flor e Hugo. "Ele é um cara que é pai, que comprou esse barulho da família, que é o meu marido, o chefe da família, o dono da casa, que divide comigo as decisões e as responsabilidades igualmente. O Hugo é um cara muito diferenciado. Nunca imaginei que pudesse existir um cara de 27 anos como ele", derrete-se.

RENASCIMENTO
"A maternidade é particular para cada pessoa. É um mundo diferente. Aquela vida que tinha antes da Maria em nada lembra essa vida que tenho hoje. É quase que um renascimento. Não sei se para todo mundo é assim, mas para mim é outra vida! É uma vida antes e outra depois da Maria. Nem gosto das mesmas coisas, gosto de tudo diferente. Não gostava de salgado, por exemplo, agora só gosto de salgado. Gostava de doce e agora não gosto mais. Gostava do meu marido, agora o amo, idolatro. Hoje amo o Hugo, meu marido, e amo o Hugo, pai da minha filha. Passei a admirá-lo enormemente mais. Vejo o que ele faz por ela, por mim e pela nossa família. É quase enlouquecedor o amor que sinto por ele, porque é como se fosse a base de tudo que deu certo. Outro dia até falei para ele: ‘não sei se você sabe, mas essa mulher que sou hoje só existe graças a você’. Tudo o que tenho e sou hoje não existiria se não fosse por ele. Ele é o cimento que deu segurança para que a gente construísse tudo isso".

 
 

ANALISADA
"Faz um ano que encontrei uma terapeuta que mudou a minha vida. É a hora que a gente consegue olhar para a gente. Passamos 24 horas por dia olhando para o mundo, vendo a necessidade de todo mundo e não temos silêncio nem tempo suficientes para olharmos para a gente, para os nossos porquês. Por que é que estou sentindo isso? Por que é que ajo assim? Por que é que sou assim? Se não gosto de ser assim, por que é que sou assim? Por isso a gente tem que tirar um tempo para a gente. E a terapia é isso, um tempo em que você escuta e olha para você".

HUGO ATOR
"O Hugo é um cara que batalha muito e que, desde que decidiu largar engenharia para ser ator, estuda e se foca muito. Ele é muito determinado e deseja verdadeiramente ser artista, e não famoso. Está cheio de chance de postar coisas na rede social da nossa vida e da nossa família e não faz porque não quer essa escada rápida. Ele gosta da arte, isso é muito visível nele. Admiro muito ele e queria que as pessoas enxergassem tudo isso nele. Fico muito feliz de tê-lo comigo em 'Segundo Sol', de vê-lo dando esse primeiro passo e começando uma história artística".

DIFERENÇA DE IDADE
"Para mim, o Hugo é bem mais velho do que eu. De idade não porque sou mais velha que ele 12 anos. Mas de maturidade com certeza! Ele me dá um baile. Ele é um cara que é pai, que comprou esse barulho da família, que é o meu marido, o chefe da família, o dono da casa, que divide comigo as decisões e as responsabilidades igualmente. O Hugo é um cara muito diferenciado. Nunca imaginei que pudesse existir um homem de 27 anos como ele".

 

EXPOSIÇÃO
"Quando fomos decidir se postávamos ou não a nossa filha, que era uma coisa que eu tinha muita dúvida, o Hugo falou: ‘se a gente não postar, ela vai ter uma vida completamente diferente da das outras crianças’. E é verdade! Imagina! Na hora da foto na escola: ‘tira a Maria!’. Na hora da foto no parquinho do condomínio: ‘tira a Maria!’ Ou não desce com a Maria para o parquinho porque vão tirar foto. Ela não iria viver uma vida real. O Hugo é muito mais maduro e preparado para esse mundo do que eu. É impressionante, porque vivo nesse mundo há muito mais tempo e ele tem muito mais preparo. Ele me ajuda e me acalma muito quando interpretam coisas que falei de forma errada".

ATIVA
"Sou a mais participativa nos grupos das mães no WhatsApp. Participo de todos. Tem o do meu condomínio, o da escola. Vejo fotos das amiguinhas da Maria e conversamos sobre tudo. No do colégio, principalmente. Se chega na agenda que as crianças podem ir de fantasia, trocamos ideia sobre que fantasia cada criança vai usar para não ser tudo repetido. Se tem que levar frutas para o piquenique, vemos o que cada criança vai levar. Combinamos tudo, do aniversário às festinhas".

CORUJA
"A Maria ama o Raul Gil. Ela vê Raul – Eu e as Crianças no YouTube e me mostra. São crianças se apresentando. E é o sonho da vida dela se apresentar no Raul. E aí ela começou a brincar disso. Um dia ela falou para mim: ‘você é o Raul Gil e eu sou a bailarina’. E eu falei: ‘agora com vocês, a bailarina’. É uma ótima maneira de tirar tudo o que quero da minha filha (risos). Porque ela responde qualquer pergunta. E fui perguntando: ‘você é de onde?’ Ela fala: ‘do Rio’. Nunca ensinei que ela é do Rio (risos). Fico fazendo uma entrevista porque no programa o Raul faz uma entrevista com as crianças. Ela fala no microfone, ama".

FILHOS
"Quero muito ter outro filho. A Maria vai ter um irmão. Mas ainda não decidimos qual será nossa ordem. Temos vontade de ter mais um ou de adotar um. Mas tudo depende do andar do nosso trabalho, do tempo que vamos conseguir ter disponível. O Hugo está no início da carreira, então para ele esse tempo para o trabalho é primordial. Não posso sufocá-lo de crianças (risos). Porque ele é um paizão e vai querer fazer tudo. Preciso dar espaço para que ele possa criar profissionalmente, crescer e se realizar".

 

GRAVIDEZ
"Quero muito ter outra gravidez porque a minha foi muito traumática. Acho que a próxima vai ser melhor. Tive depressão na gravidez inteira. Fiquei muito difícil de conviver. Todo mundo me fala que as gravidezes são diferentes umas das outras, então estou super querendo a segunda. Mas me odiei grávida. Acho que foi isso que desandou a depressão. Odiei tudo: era pesada, não conseguia sentar, não conseguia dormir, não tinha roupa, não conseguia sair, tinha fome e não podia comer. Também teve a sensação de: ‘o que vai ser da minha vida agora?’ Passava tudo pela minha cabeça. Rezei todos os dias para a minha filha vir com saúde. Tive uma irmã que morreu com 6 anos (Ana nasceu com má formação congênita e durante operação para corrigir o problema - uma fenda palatina no céu da boca- sofreu choque anafilático e passou a ter uma vida vegetativa). Tinha toda essa questão de a minha vida inteira ter lidado com a dor da minha mãe por ter perdido uma filha. Quando fiquei grávida, pensava muito: ‘será que a minha filha vai nascer saudável?’ Já não tenho uma saúde incrível, sou toda frágil. Também tinha medos e preocupações: se ia ser uma boa mãe, se o Hugo ia ser um bom pai, se o nosso casamento ia dar certo, se a gente ia conseguir construir uma família ou se a gente ia se odiar".

MEDO
"Acho que nunca na minha vida vou conseguir amar alguém como amo a Maria. A gente fica achando mesmo que é impossível amar outro filho porque é um amor tão grande que a gente sente pelo primeiro que acha que nunca mais vai sentir outro igual. Mas todo mundo me garante que vou amar".

SARADA
"Atualmente não faço nada de exercício físico. É verdade (risos). Acho que fiz durante tanto tempo da minha vida que ficou na memória do meu corpo. Sempre tive facilidade para emagrecer. Parei de malhar porque depois que a Maria nasceu (comecei a malhar um mês depois do parto) fiquei muito forte, não sei se era uma coisa hormonal, pós-gravidez. Não gosto de corpo muito definido em mulher. Acho lindo em algumas mulheres, mas em mim não acho que combine, me envelhece. E falei para o meu personal: ‘Rafa (Lund), vou dar uma parada para ficar mais natural’. Parei e foi ficando bom".

VAIDOSA
"Já coloquei próteses de silicone nos seios e fiz uma lipoaspiração quando tinha 18 anos, depois de 'Laços de Família', em 2000. Fiz a lipo por idiotice. Aproveitei que ia botar peito e fiz. Coisa de criança! Mas hoje faço tudo o que posso de estética: botox, preenchimento. Porque vou fazer 40 ano que vem. Tem que se cuidar! Hoje em dia só não sente o peso dos 40 quem se cuida desde os 20. Tem que começar lá atrás. Não adianta começar com 40. Vamos ver como vai ser comigo".

 
 

PONTO FRACO
"Não consigo cuidar da minha alimentação. Faço dietas de urgência. Não faço reeducação alimentar, que é o correto. Já tentei, mas não consigo. Queria muito, para a minha saúde mesmo. Meu colesterol é alto, sou toda cagada. Ainda mais agora, gravando. Tenho muita ansiedade, muito texto para decorar e uso a comida como comfort food. Trabalho muito e quando chego em casa quero comer um macarrão com feijão e carninha moída. Não me privo de nada. Não adianta falar que como de tudo porque ninguém acredita. Só quem convive comigo acredita porque vê. Como muito, de tudo, todo dia. Sempre comi. Nunca consegui fazer dieta rigorosa. Fiz dieta pela primeira vez quando tive problema na tireoide porque tomei uns hormônios e deu tudo ruim (quando tinha 20 e poucos anos e estava fazendo ‘O Beijo do Vampiro’). Fiz dieta dois meses, emagreci e parei. Depois fiz dieta para o longa Boa Sorte, em 2014, e emagreci 15 quilos. Em seguida, fiz dieta de engorda para o Entrando Numa Roubada,em 2015, e engordei 18 quilos. Depois da filmagem, fiz dieta e em um mês e dez dias perdi os 18 quilos. Também fiz dieta no pós-parto e em um mês perdi os 24 quilos que ganhei na gravidez. Para mim alimentação funciona como milagre. Porque entendo que se as pessoas comerem 1/3 do que como vão ser todas obesas".

COMPULSIVA
"As coisas que mais gosto na vida são: comer, dormir, fazer amor e cuidar da minha filha. Mas amo muito comer! Minha comida preferida é arroz, feijão, farofa, batata frita, bife à milanesa e ovo frito. Tudo junto (risos). Esse é praticamente meu almoço de todos os dias. Ultimamente estou comendo muito macarrão com feijão com carne moída ou com salsicha. Se eu botar uma colher de uma coisa boa na boca, vou comer até estourar. Sou totalmente compulsiva com comida. Se comer um pedaço de pizza, vou comer a pizza até acabar. Se comer um bis, vou comer a caixa inteira. Como me deleitando. Trabalho isso na terapia também".

SEGREDO
"O Hugo come tudo. Aliás, ele não come nada (risos). Ele só come essas coisas saudáveis. Ele perdeu oito quilos desde o primeiro capítulo da novela. Para ele emagrecer é jejum. Ele come clara de ovo o dia inteiro. E aprendeu comigo que a dieta que serve é essa. Sempre falei para ele: ‘para com isso de reeducação alimentar. O que serve para emagrecer, amor, é parar de comer’. Quando a Maria nasceu, vi que não ia poder amamentar porque estava com uma infecção no peito. Parei de comer! Comia meio mamão e um ovo mexido por dia. É isso, amor! Para de comer que você rapidinho emagrece. Passei um mês sem comer. Se tinha dor de cabeça, tomava uma novalgina e coca zero para encher a barriga".

 
 

EXEMPLO
"Sei que estou dando um péssimo exemplo para a Maria com a minha alimentação ruim, mas essa sou eu. Fazemos uma alimentação super regrada para ela. E ela adora comer tudo: legumes, frutas. Mas ela come a besteira que estou comendo também. Tipo, estou comendo pirulito e ela pede para comer. Eu dou. Ela pede para tomar Coca-Cola, eu dou. A sorte é que ela não gosta. Acho que ficar proibindo é pior. Atiça mais do que falar: ‘toma, filha’. Mas é ruim. Ela bebe e fala: ‘coca é ruim’. Ela não quer. Hoje no parquinho a gente estava brincando de fazer comidinha invisível. Eu falei: ‘toma água’. E ela falou: ‘toma Coca-Cola, mamãe’. Ela já entendeu que a mamãe não toma água, mas que ela prefere água. Sei que é errado, que existem teorias de pais diferentes da minha. Eu prefiro lidar assim. Pelo menos na minha vida, queria tudo o que era proibido".

PATRULHA
"Os pitacos dos outros em relação à criação da Maria já me irritaram mais. Porque antes tinha mais dúvidas do que estava fazendo e a carapuça serviu. Mas hoje tenho trabalhado todas essas decisões com a Maria. Eu e Hugo conversamos muito e converso na terapia também. Não sou uma mãe perfeita, ninguém é. Mas vou ser a mãe que posso ser. E tenho que seguir o meu coração. Porque acredito muito que Deus dá cada filho para cada mãe sabendo que aquilo vai dar certo. Hoje sou muito mais tranquila em seguir meu coração. Mesmo que isso não seja o certo burocraticamente ou que pessoas discordem. Tudo que faço é tentando acertar e conseguir o melhor para ela. Sei que estou errada em beber coca zero na frente dela! Não devia! Não devia comer doce na frente dela? Não devia. Mas não consigo, não sou perfeita, desculpa, jogue pedra quem quiser. Como pirulito, como doce, ela quer, ofereço e ela não gosta, graças a Deus. Não existe uma fórmula matemática para criar todas as crianças".

SAUDADE SAUDÁVEL
"Quando rodei Mulheres Alteradas fiquei, pela primeira vez, oito dias longe da Maria. Só a via no FaceTime (software capaz de realizar chamadas de vídeo e chamadas de áudio pelo celular). Foi muito difícil, chorava loucamente. Mas valeu a pena. Adoro o filme, ficou lindo e acho que ela vai ter um superorgulho quando assistir e entender que sou uma mulher que batalho, que quero ter as minhas coisas, que não sou submissa a ninguém, que sou dona da minha própria vida, da minha própria vontade, dos meus próprios desejos. E hoje, para mim, trabalhar virou exemplo. Quero que a Maria saiba a importância que a gente tem de se realizar, de ser bem-sucedida em algo que a gente escolha, em ser independente financeiramente, em ser dona da nossa vida. Quero que ela me tenha como um exemplo de mulher independente, batalhadora, guerreira e não submissa".

FUTURO
"Hoje o que falta é cuidar cada vez melhor da minha família, ser uma boa mãe para a minha filha, ter a maturidade necessária para criá-la nos valores que acredito que sejam os melhores. Acho que a parte mais difícil ainda está por vir, que é criar uma criança no mundo de hoje, com valores mais humanos, mais emoção, menos razão, olhando mais para o próximo do que para si própria. Quero muito poder ser a mulher que o Hugo deseja mesmo tendo trabalhado, cuidado da filha e estando cansada. Quero – mesmo a gente tendo momentos de altos e baixos – que ele saiba que o amo e que ele me faz muito feliz. Não dá para falar: ‘já realizei! Agora, beleza!’ Temos que realizar todos os dias. Quero ter saúde para ver meus netos".

PLANO B
"Não tem idade limite para a minha carreira. Pretendo trabalhar para sempre. Mas me preparo, junto dinheiro para o caso de ter algum problema de saúde e não poder trabalhar. Penso muito nas coisas improváveis que podem acontecer. Mas nunca pensei em ter um negócio, por exemplo. Podem me dar de presente que não quero. Sempre trabalhei por prazer, nunca por dinheiro. E acho que esse foi o grande ganho da minha vida. Por que vou começar a trabalhar por dinheiro agora? Não gosto de fazer nenhuma outra coisa que não atuar. As pessoas falam: ‘você não gosta de dirigir?’ Não! Gosto de atuar! Não sou uma exímia patroa, sou uma exímia funcionária. Gosto de obedecer ordem. Tenho muita dificuldade em demitir pessoas. E, para gerir pessoas, você precisa ser fria em determinadas horas e não sou".

SEMPRE FELIZ?
"Sou muito sortuda, tenho uma vida muito incrível e fora do padrão. Realizei todos os meus sonhos, mas problema e dificuldade temos todos. Costumo dizer que todo mundo deve sofrer e ser feliz em igual proporção. Os motivos talvez sejam diferentes e tenham pesos diferentes. Mas devemos passar a mesma proporção da vida felizes e tristes, independente de quem sejamos, de quanto tenhamos e do que façamos. Todo mundo é feliz e triste. Todo mundo tem esse ciclo de sentimentos. Isso é o que faz a gente acordar, dormir e querer um dia seguinte. Se todo mundo fosse plenamente feliz acabava tudo".

VIRTUAL
"Nosso primeiro contato (dela e de Hugo) foi pelo Instagram. Mas quantas pessoas não se conhecem pela internet hoje? Nunca vou conseguir explicar o que senti na hora que vi a foto do Hugo. Senti uma seta amarela falando: ‘é ele, é ele!’ A foto que vi tinha ele e mais quatro amigos. Todos eram bonitos. Mas tinha uma seta nele. Falei: ‘é ele, cara! É ele!’ Tinha acabado de rezar, de ajoelhar e de pedir. Quando ele chegou aqui em casa e a gente conversou, vi que ele era a pessoa mais pura que já conheci na vida. Ele é livre, limpo de todos os sentimentos ruins que conheci em todas as outras pessoas com quem me relacionei. Ele veio sem nenhuma maldade, sem nenhuma mentira, um cara extremamente verdadeiro e sincero. Tanto que o deixei para pegar um táxi e falei: ‘não vou me dar o direito de errar com você! Não vou cagar o que Deus me deu de presente’".

O CARA
"Nunca conheci uma pessoa que nem o Hugo. E hoje, quem conhece ele, estranha menos nossa história. Porque todo mundo que o conhece, nas primeiras duas horas, fala assim: ‘c..., que cara diferente!’ Quem não conhece talvez fale: ‘impossível saber que o cara é tão legal assim!’ Mas é muito rápido que ele se mostra diferenciado. Dizem que tem pessoas que vêm das estrelas, sabe? O Hugo é dessas estrelas daí, ele não é da gente. Ele é de outro lugar. A matemática dele não é a nossa. Não que ele só tenha qualidades, porque essa estrela também tem um monte de defeito: ‘ele é um cara completamente avoado para a vida,  não sabe quando vencem as contas dele, não sabe quanto ganha, não sabe as senhas’. Ele é muito mais emoção do que razão. Isso não tem só coisas boas. Mas era tudo o que eu precisava. Sou uma pessoa que buscava conhecer um cara como ele. E vejo isso tudo na Maria também. Ela é incapaz de pegar um biscoito e comer. Ela vai pegar e perguntar: ‘você quer biscoito?’ Todas as crianças têm a maior dificuldade de dividir brinquedo. Ela dá o dela. É diferente,  não tem explicação. É a alma da pessoa que é diferente".

 
 

ALMA GÊMEA
"Tenho certeza absoluta de que o Hugo é a minha alma gêmea. Nenhum dos meus problemas é relacionado a ele. Ele é a minha solução. Ele me traz a força para resolver todos os meus problemas. Tenho problemas de vida, de amizade, de saúde, de família. Coisas que todo mundo tem. Tenho problemas da minha conduta com o universo. Mas sou uma pessoa muito melhor depois que o Hugo chegou. É claro que a gente diverge em algumas coisas. É natural. Mas conversamos muito sobre tudo. A Maria nunca viu a gente gritando ou brigando. A gente nunca discutiu depois que ela nasceu".

MÃO NA MASSA
"Quando o Hugo e eu estamos em casa, as babás ficam descansando. Nós dois fazemos tudo! Dou banho, comida, troco fralda (agora não mais), boto para dormir. Desde que nasceu, a Maria dorme sozinha. A gente bota ela no quarto dela, e quando ela dorme, levanto e vou para o meu quarto. Morro de ciúme dela com a babá. Quando chego, já aviso: ‘tchau, babá! Pode deixar a Maria comigo’ (risos)”

BATALHA
"Luto não só pelo feminismo, mas pela causa dos gêneros. Outro dia estava jantando com o Hugo e na nossa mesa tinham umas 25 pessoas e só nós éramos héteros. E a gente falou: ‘ainda bem que os nossos amigos não são preconceituosos’. Porque eu realmente não entendo o problema que as pessoas têm com a sexualidade alheia. Para gente é uma coisa muito natural e para a Maria é também. A gente nunca precisou explicar que o coração da mamãe bate pelo do papai e o coração do papai bate pelo da mamãe, o coração da tia Ju bate pelo da tia Lívia, o da tia Lívia bate pelo da tia Ju. Ela mesma chegou a essa conclusão, não foi a gente que contou. Como a gente tem muitos amigos que se relacionam com pessoas do mesmo sexo, para ela é muito comum o amor por qualquer sexo. Ela ainda não entendeu o que a sociedade diz que é certo. E se Deus quiser nunca vai entender: para ela sempre tudo vai ser certo. Amor: certo. Ódio: errado".

BOCUDA
"Todos os dias minha mãe, minha irmã e meus amigos me pedem para falar menos. Eles acham que o que penso não diz respeito a ninguém. Realmente não diz respeito a ninguém. Mas se as pessoas quiserem ouvir estou aí para falar também. Quem não quiser ouvir é só desligar a TV ou não ler o jornal, o site ou a revista (risos). Não estou obrigando ninguém a ouvir o que tenho a falar. Estou dizendo. Essa sou eu! Outro dia falei isso: ‘preferiria muito não ser essa pessoa que tem necessidade de expor o que pensa’. Mas não sou assim. Nasci bocuda. Tem gente que nasce de olho azul, tem gente que nasce gay, isso é uma condição humana, isso não é uma escolha humana. E a minha condição humana não é 100% perfeita. Nasci bocuda e tenho que pagar um preço alto por isso. Tenho muita opinião, acredito muito no que penso, gosto de debater, de ouvir o que as pessoas pensam, gosto muito que as pessoas me façam mudar de ideia, gosto de conversar e de ouvir e para isso gosto de falar’. Nunca me arrependi do que falei. Posso já ter mudado de ideia muitas vezes. Se alguém me convencer do que o que penso é errado, estou aberta a ouvir. Só tem que ter bons argumentos”.

Deborah Secco Aspas (Foto:  )
 

SEM SEGREDO
"Graças a Deus, o Hugo e eu conseguimos construir uma relação na base da verdade. Nada, nada da minha vida o Hugo vai saber por outra boca que não a minha. Ninguém nunca vai poder chegar tirando onda com ele, falando: ‘ah, sou amigo da Deborah’. Ele vai falar: ‘você namorou ela’. Ele sabe tudo o que aconteceu na minha vida. Ninguém nunca vai poder tirar uma onda com ele sobre mim de nada. E acho que também sei tudo o que ele fez na vida dele. Contei para ele tudo o que vivi na minha vida desde que tenho 0 dias. De namorado, de tudo. Contei quem era, quais os meus defeitos, quais os meus problemas, quais os meus medos, o que me fazia sofrer, o que me dava alegria, quais eram os meus pontos fracos na infância. Hugo sabe absolutamente tudo de mim. E isso talvez tenha feito com que essa minha relação com ele seja diferente de todas as que vivi. Porque, de verdade, hoje sei que sou amada. Com o Hugo, pela primeira vez, tive essa coragem e ele também. A gente sentou e conversou sobre tudo. Hoje tenho certeza que ele ama a Deborah cheia de defeitos. E isso me faz ter muita segurança na nossa relação e em mim. Não tenho nenhuma carência, não preciso buscar amor de nenhum outro lado. Porque me sinto verdadeiramente amada. O Hugo foi o meu primeiro passo para a verdade. E isso é muito forte. Tenho certeza que o que tenho com ele nunca mais vou ter na vida parecido com ninguém".

PASSADO AMOROSO
"Nas outras relações que vivi, criava um personagem: ‘ai, sou ótima! Tive dois namorados, mas não gostei muito’. ‘Ai, nunca senti isso que sinto com você’. Mentira! E aí a pessoa amava essa mentira. Nunca me senti amada. Vivia numa carência sem fim. Porque a Deborah verdadeira era tão ruim que nem ser contada ela podia. Que dirá amada! Eu me protegia. Todo mundo cria uma proteção e conta só o que interessa. Só que isso gera uma carência enorme porque a gente vai sendo amado pelo que a gente não é. E a gente fica ali querendo ser amada pelo que a gente é. A gente merece ser amado pelo que a gente é. Como as pessoas com quem me relacionava amavam uma mentira, eu ia atrás de outras pessoas que amassem a minha verdade. Estava sempre buscando amor e afeto. Mas nunca deixava ninguém conhecer a minha verdade, então era impossível. Na verdade, não traía. Sempre fui uma pessoa que buscava uma família. Só que começava um relacionamento e começava a ficar ruim. Não sei sair de uma relação, não tenho essa força. Aí eu, muito esperta, me apaixonava por uma outra pessoa porque isso me dava segurança para terminar. Nunca traí meus namorados a torto e a direito. Sempre traí para terminar. Traía, me apaixonava e terminava. Era a minha forma de sair do caos. Tinha essa técnica. Com o próprio Hugo estava numa relação muito ruim, comecei a namorar o Hugo e saí daquilo. E aí me deu algum start, conversando com ele, vendo que ele era de outro planeta, e falei: ‘com esse cara tenho que ser diferente. Não vou falar que sou aquela menina. Esse cara tão puro vai me aceitar do jeito que sou’. Foi essa segurança que tive quando o conheci".

 

DESEJO
"Queria muito ter chegado até o Hugo com 17, 18 anos, mas não foi assim. E que bom, porque hoje tenho o entendimento de que precisei passar por todas essas dificuldades para chegar até ele. Porque falo: ‘fiz as pessoas sofrerem, mas, sem dúvida, sofri muito mais’. Quando a gente trai e usa uma pessoa para se livrar de outra é a gente que sofre. Você faz todo mundo sofrer, mas você sofre muito mais. Me sentia muito mal. Sofri muito com isso na minha vida. Ainda bem que hoje consigo chegar num estágio onde não preciso fazer nada tóxico e abusivo".

QUÍMICA
"Acho que buscava essa pessoa, cheia de sentimento. Do beijo à conversa, tudo com ele é perfeito. Sabe quando você beija e fala: ‘beijo bom!’ Você faz sexo e é bom! E conversa e é bom! Aí ele é pai: ‘caramba, mas ele é bom pai!’ E aí vocês vivem juntos e: ‘mas o dia a dia é incrível!’ Tudo é incrível! Realmente é inexplicável! Talvez seja porque com ele não finjo mais, estou à vontade. Sou verdadeira comigo mesma, já não me odeio mais pelo que fiz. Já tive muito ódio e vergonha de mim pelos meus erros e pelos meus sofrimentos e pelas minhas dificuldades. Hoje não tenho mais. Essa é a minha história. Que bom que tenho esse discernimento de que essas coisas são ruins, erradas, que elas me fazem sofrer e que elas me fazem mal. Que bom que não quero mais isso para a minha vida".

ETERNO NAMORADO
"Você sabe que não consigo chamar o Hugo de marido? Só chamo de namorado. É uma loucura. Sou casada no papel. E olha que a gente está sem tempo para namorar, sair e jantar fora. A Maria não atrapalha a gente de namorar. O pior é a novela. Mas sabemos que é uma fase profissional e estamos curtindo para depois viajarmos e ficarmos só nós três. Estamos planejando morar uns 3 meses fora do Brasil depois que a novela acabar. Queremos ficar só nós três, sem babá. Ainda estamos pensando para onde iremos. A gente está tentando fugir um pouco do frio e a novela vai acabar bem no frio nos lugares que estávamos planejando ir".

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