O ex-governador do Paraná Beto Richa, candidato ao Senado pelo PSDB, nas eleições 2018, e outros seis investigados da Operação Piloto, 53.ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta terça-feira, 11, foram grampeados durante uma semana. O tucano teve sete números telefônicos interceptados pela Polícia Federal entre 24 de julho e 1 de agosto.
Beto Richa foi alvo de duas operações deflagradas simultaneamente nesta terça. A Operação Piloto, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, fez buscas na casa do tucano e prendeu alguns de seus mais próximos aliados em uma investigação sobre supostas propinas da Odebrecht. Já a Operação Radiopatrulha, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, prendeu o ex-governador do Paraná no âmbito de um inquérito sobre irregularidades no programa Patrulha do Campo – manutenção de estradas rurais.
Em 14 de agosto, a equipe de análise da PF entregou à Lava Jato um relatório com 8 páginas. Além dos números telefônicos de Beto Richa, foram interceptados também os telefones de seu irmão Pepe Richa, de seu ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo, de seu suposto ‘operador financeiro’, o empresário Jorge Theodócio Atherino, do ex-operador financeiro Luiz Abi Antoun, do ex-secretário de Estado Ezequias Moreira Rodrigues e do empresário Pedro Rache de Andrade.
Segundo a PF, dois números de Beto Richa estavam ativos. O relatório transcreveu três conversas do ex-governador do Paraná: duas com Ezequias e uma com Deonilson.
No dia 28 de julho, Richa e Deonilson conversaram sobre um evento digital em Curitiba. O braço direito perguntou ao ex-governador se ele passaria no Curitiba Social Mix.
Ao autorizar a deflagração da Operação Piloto, o juiz Sérgio Moro observou que o esquema de corrupção supostamente instalado na gestão do tucano ‘não se trata de um crime trivial’.
“Reputo presente risco à ordem pública. O contexto não é de envolvimento ocasional em crimes de corrupção, mas da prática de crimes de grande corrupção e de complexas operações de lavagem de dinheiro”, pontuo o juiz.
O Ministério Público Federal informou que grampos telefônicos apontaram que Deonilson Roldo está atualmente coordenando de forma oculta a campanha de Beto Richa. Segundo a Lava Jato, o ex-chefe de gabinete ‘diz que está em período de quarentena, que não pode aparecer, mas que atua nos bastidores, conforme demonstrado pelas chamadas telefônicas’.
“Deonilson Roldo é homem de confiança de Carlos Alberto Richa, sendo o coordenador de todos os assuntos referentes à campanha de Beto Richa ao Senado Federal, tendo participação na articulação política, definição de material de campanha como músicas e jingles, sessões de fotos, agendamento de eventos e aconselhamento de modo geral, sendo consultado por Beto Richa em várias ocasiões”, apontou a Lava Jato.
“Deonilson Roldo propositalmente está mantendo velada sua cooperação com Beto Richa devido à investigação em curso sobre o recebimento de valores da Odebrecht, que já é de público conhecimento através da imprensa.”
Ao mandar prender o braço direito de Beto Richa, o juiz federal Sérgio Moro anotou que apesar de Deonilson Roldo não ocupar ‘elevado cargo na estrutura do Governo do Estado do Paraná’, ele ‘permanece integrante do mesmo grupo político, com perspectivas de retorno a posição de poder e, por conseguinte, à prática de novos delitos associados à corrupção sistêmica’.
O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que a Operação Lava Jato é “apartidária” e que foro privilegiado é obstáculo para responsabilização de políticos.
“Nós não temos essa preocupação (com o partido do alvo), a Lava Jato é uma investigação apartidária. Sempre foi. Nós já tínhamos chegado a pessoas de diversos partidos”, disse Carlos Lima, em entrevista à imprensa concedida pela força-tarefa da Lava Jato, sobre a 53.ª fase da operação, batizada de Operação Piloto – referência ao codinome de Richa nas planilhas da propina da Odebrecht.
COM A PALAVRA, BETO RICHA
A defesa do ex-governador Beto Richa até agora não sabe qual a razão das ordens judiciais proferidas. A defesa do ainda não teve acesso à investigação.
COM A PALAVRA, O GOVERNO DO PARANÁ
Governo do Estado está colaborando com todas as investigações em curso. A governadora Cida Borghetti ressalta que não aceita nenhum tipo de desvio de conduta dos seus funcionários e que criou a Divisão de Combate à Corrupção para reforçar o combate à esse tipo de crime. Hoje a divisão esta fazendo buscas e apreensão em uma operação que combate fraudes a licitação. O Governo do Estado vai aguardar a divulgação de mais informações a respeito dessa fase da Operação Lava Jato para tomar outras providências.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO ROBERTO BRZEZINSKI NETO, QUE DEFENDE DEONILSON ROLDO
O advogado Roberto Brzezinski Neto, que defende Deonilson Roldo, afirmou que está analisando os autos e vai se pronunciar.
COM A PALAVRA, JORGE THEODOCIO ATHERINO
A reportagem está tentando contato com a defesa do empresário Jorge Theodocio Atherino. O espaço está aberto para manifestação.
COM A PALAVRA, EZEQUIAS MOREIRA RODRIGUES
A reportagem está tentando contato com a defesa de Ezequias Moreira Rodrigues. O espaço está aberto para manifestação.