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Imagens e escutas revelam como funcionava esquema de corrupção na delegacia da Polícia Civil de Guaíra
Na terça-feira (30), um investigador e três carcereiros foram presos em operação do Gaeco suspeitos de receber propina para facilitar a vida de presos
Por G1 | Postado em: 06/05/2019 - 15:39

Conversas gravadas com autorização da Justiça e imagens revelam como funcionava um esquema de corrupção articulado dentro da Delegacia da Polícia Civil de Guaíra, no oeste do Paraná.

Na terça-feira (30), um investigador e três agentes de carceragem foram presos durante uma operação do Gaeco Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em uma operação contra os crimes de organização criminosa, corrupção passiva e concussão.

Segundo o Ministério Público, policiais e funcionários da carceragem recebiam dinheiro para facilitar a vida dos presos.

“Funcionava uma verdadeira organização criminosa dentro da delegacia de polícia de Guaíra com ramificações para outras delegacias. Mas ali era o verdadeiro balcão de negócios do crime”, apontou o promotor Tiago Lisboa Mendonça.

Em uma das escutas, dois agentes combinam os valores, por exemplo, para a entrada de telefones e drogas nas celas.

Preso de confiança: “Tô esperando você me ajudar. Minha esperança é você. Pra gasolina da minha mulher, ela vem amanhã. Só pra gasolina, tá bom demais.”

Investigado: “Vou pedir trezentão. Dou cem pra você e fico com duzentos. Agora o cara só passa por trezentos.”
Câmeras de monitoramento da delegacia registraram o momento em que um agente penitenciário passa um objeto para dentro da cela. Para os investigadores do Ministério Público era um celular.
Depoimentos de pessoas que ficaram presas na delegacia reforçam as investigações sobre o suposto esquema.

“Eu vou abrir o jogo. São os próprios agentes que colocam os telefones para dentro. Eles colocam drogas, colocam celulares. Foi encontrada uma banana de dinamite quando eu tava lá, pra você ter uma ideia. Eles iam explodir a cadeia inteira com todos nós dentro”, contou.

O preso que recebeu a dinamite diz que pagou R$ 2,5 mil para um agente liberar a entrada do explosivo.

Juiz: “Como é que funciona?”

Preso: “Os presos pagam para a polícia e a polícia coloca droga.”

Juiz: “A polícia é o agente?”

Preso: “Polícia, agente, qualquer um deles, qualquer um.”

Juiz: “Não tem hora?”

Preso: “Não.”

Juiz: “Os R$ 2,5 mil eram tudo pra polícia?”

Preso: “Acredito que sim.”

Outro detento contou que pagou propina para passar uma noite na casa da família em Cascavel, há 150 km de onde deveria estar preso.

Anotações apreendidas durante a operação indicam também que os presos pagavam para que os agentes fizessem compras e levassem produtos como chocolate, comida e até bebidas alcoólicas para a carceragem.

O pagamento pelo serviço era feito por transferência bancária. E, eram os próprios policiais que levavam os detentos até o banco, destaca o MP.

Imagens mostram dois carcereiros transportando um preso até uma agência bancária. Conforme apurou o Gaeco, ele pagou cerca de R$ 5 mil para ser transferido para uma ala com melhores condições.

As investigações apontam ainda que o delegado e o superintendente da delegacia receberam quase R$ 50 mil para que um ex-policial civil, condenado a 23 anos de prisão por tráfico internacional de drogas, fosse tratado como preso de confiança, com acesso livre pela delegacia.

O delegado Deoclécio Detros e o superintendente Hamilton Ravedutti foram afastados das funções. Já um investigador e três carcereiros continuam presos preventivamente na delegacia da Policia Federal em Guaíra.
Outro lado
A Polícia Civil do Paraná disse que está investigando o caso e que os atos irregulares cometidos por servidores são apurados e punidos.

Até a última atualização desta reportagem, o G1 tentava contato com a defesa dos demais citados.

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