Quando a Alemanha foi eliminada, após perder por 2 a 0 para a Coreia do Sul, o goleiro Manuel Neuer foi sincero: acreditava que, tivesse se classificado, sua equipe não avançaria muito além das oitavas. Diagnóstico válido para a Argentina, que passou da primeira fase com um esboço de futebol e não resistiu à qualidade da França, que venceu por 4 a 3 e segue fortalecida para as quartas, em uma atuação convincente no ataque.
Somente o peso da camisa e a experiência de um elenco envelhecido diante dos jovens franceses explicam a luta da Argentina, a resistência a uma derrota anunciada. Mas foi somente um acréscimo de emoção à partida. A verdade é que a França tinha a estratégia infalível, baseada na velocidade de seu craque, que pede passagem entre os grandes: Kylian Mbappé.
Nos minutos iniciais, o jovem camisa 10 já pendurava a defesa argentina em cartões amarelos, incapaz de parar suas arrancadas a não ser com infrações. Numa delas, o pênalti que abriu o placar — cobrado perfeitamente por Griezmann. A impressão era de que a Argentina conheceria seu 7 a 1, tamanha era sua incapacidade de conter os franceses, que relaxaram. Deixaram Di María livre na intermediária, o meia-atacante que fez uma Copa ruim, mas sabe como chutar. E o primeiro tempo, que sugeria um massacre, terminou igual.
E recomeçou com incredulidade. Logo no início do segundo tempo, Mercado (que já fora herói no cruzamento para o gol da classificação sobre a Nigéria) desviou involuntariamente chute de Messi. Kazan e o mundo vivenciavam uma zebra. E é curioso e triste chamar a poderosa Argentina, bicampeã mundial, de zebra. A França, com qualidade e paciência, seguiu apostando na velocidade. A bola viajou rapidamente aos pés de Pazard, lateral-direito como Thuram (herói da semifinal de 1998), que recobrou a realidade.