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'Não reconheço o olhar dele, ele pode ter surtado', diz irmão de Adelio Bispo, indiciado por esfaquear Jair Bolsonaro.
Homem se emociona ao lembrar da infância de Adelio, no Norte de Minas; candidato à Presidência era carregado nos ombros por apoiadores quando Adelio se aproximou e o feriu na barriga.
Por G1 | Postado em: 08/09/2018 - 08:52

Um irmão de Adelio Bispo de Oliveira, indiciado por esfaquear Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), disse na tarde desta sexta-feira (7), em Montes Claros, que acredita que o irmão teve um surto e precisa de tratamento. Sem querer se identificar, ele contou momentos da infância de Adélio e disse não reconhecer o olhar de ódio que é mostrado nos noticiários.

Segundo ele, Adélio viveu na cidade até os 16 anos, quando se mudou para trabalhar em São Paulo e ficou muitos anos sem dar notícias. Enquanto esteve próximo da família, o irmão conta que Adélio sempre foi trabalhador, tranquilo e ligado à religião.

"Nós somos dois irmãos homens. Nunca tivemos nenhuma discussão, nós dois. Ele é um cara trabalhador, era do serviço para casa. Depois ele saiu para ir trabalhar em São Paulo. Tive notícia depois que ele estava em Santa Catarina. Ele era pastor de igreja, fazia culto, ia nas igrejas. Desviou [da igreja] depois de um certo tempo. Não sei se onde ele estava ainda frequentava", afirma.

O homem ainda disse ter visto o irmão pela televisão, quando a filha dele o reconheceu pelo nome. Ele afirma ter assistido e se impressionado com o olhar de Adélio. Para ele, o irmão pode ter tido um surto e não estava normal. "A única coisa que tenho a falar é que acredito que ele teve um surto, algo sobre isso. Porque uma pessoa normal não ia fazer isso que ele fez. Então, pela fisionomia dele na televisão, a gente sabe que ele não é daquele jeito. Eu acredito que a primeira coisa que eles tinham que fazer era caçar um tratamento para ele", diz.

Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, foi preso na tarde dessa quinta-feira (6) suspeito de esfaquear Jair Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), candidato do PSL à Presidência da República. No momento em que foi esfaqueado, Bolsonaro fazia corpo a corpo com eleitores na região do Parque Halfeld. Segundo informações da polícia, após o ataque, Adélio foi agredido por pessoas que estavam no local.

Em entrevista à imprensa, Pedro Augusto Lima Possa, advogado de Adélio, disse que ele confessou e assumiu a autoria do atentado, mas não tinha a intenção de matar.

Solteiro e natural de Montes Claros (MG), Adelio completou 40 anos em maio e está em Juiz de Fora há pouco tempo, em busca de trabalho. De acordo com sua defesa, atualmente ele trabalhava como garçom.

Segundo a assessoria de comunicação do 2º Batalhão da Polícia Militar de Minas, o suspeito é formado em pedagogia. Ele foi levado na madrugada desta sexta-feira para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Juiz de Fora, de acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).

A Justiça Federal decidiu transferir Adelio para um presídio federal durante a audiência de custódia. No entanto, a unidade para qual ele irá ainda não foi definida. A audiência foi acompanhada pelo Ministério Público Federal (MPF). A informação foi confirmada pela secretaria da Vara de Plantão da Justiça Federal em Juiz de Fora.

Muito emocionado, o irmão diz se sentir um pai de Adélio e de outros quatro irmãos, e chora ao se lembrar da infância de Adelio Bispo. "Eu posso dizer que sou o mais velho lá de casa e cuidei deles todos; igual o nosso pai que morreu, eu me sinto um pai dele. Ele era muito doente quando eu era pequeno e tinha um campinho de futebol ao lado de casa. Ele já tinha tamanho para andar, e eu levava ele para o campinho, pegava nos braços dele, até que ele aprendeu a andar. Depois disso tudo, quando começa a passar as coisas dele eu desligo a televisão, porque não gosto nem de ver essa situação", lamenta.

Até a definição de qual unidade irá recebê-lo, Adelio voltará para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Juiz de Fora.

Adelio foi indiciado pela Polícia Federal (PF) pelo crime de "atentado pessoal por inconformismo político" com base no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Por essa acusação, ele pode ser condenado a uma pena de 3 a 10 anos de prisão. A legislação prevê ainda que se a agressão resultar em lesão corporal grave, a pena pode ser até mesmo dobrada. A PF pode indiciá-lo no início da investigação porque ele foi preso em flagrante, o que permitiu o indiciamento imediato.

Jair Bolsonaro foi transferido para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira. Bolsonaro estava internado na Santa Casa de Juiz de Fora (MG), onde passou por uma cirurgia após o ataque.

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